domingo, 20 de março de 2011

Projeção IV

Como prometido, hoje eu vou arrematar os fios que considero que darão o acabamento final ao tema projeção.
Talvez, com os posts anteriores, tenha ficado a impressão de que projetar é algo "errado", que deve ser tratado, ou que não possui uma função saudável em nossa vida. Mas não é bem assim...a projeção pode sim, nos trair e fazer que nossa visão dos fatos e das pessoas nem sempre seja clara. Mas ela também é um importante mecanismo de proteção.
É através da projeção que muitas vezes nos resguardamos mais, que faz com que sintamos a necessidade de buscar abrigo, de pensar duas vezes antes de falar algo que pode ferir alguém que nos é querido, ou que pode nos deixar mais expostos e vulneráveis do que gostaríamos de ficar, por exemplo.
De qualquer forma, esse é um dos meios que o indivíduo encontrou para se defender. Em ambos os casos (funcional ou disfuncional), a projeção é um mecanismo de proteção. A diferença é se estamos nos protegendo de uma situação real e atual, ou se estamos nos comportando como Dom Quixote, brigando com moinhos de vento acreditando que estes fossem gigantes.
É preciso um cuidadoso autoexame e compreensão de suas relações para que alguém possa se dar conta de onde e como suas projeções podem estar lhe trazendo dificuldades. A função do terapeuta é, então, ir trabalhando na capacidade do cliente de autoresponsabilização, bem como na diferenciação do que é seu e o que é do outro. Não é "fulano que me irrita" e sim, "eu me irrito com ele". Ao se sentir responsável por algo que é seu, seu poder volta para as suas mãos (SEUS sentimentos, SUAS características, SEUS defeitos, SUAS qualidades) e pode decidir o quê fazer com isso; deixa de se colocar à mercê dos outros e do mundo e passa a ser o escritor e ator principal de sua história.


Um comentário: