Há algum tempo esbarrei com a teoria paradoxal da mudança, que diz o seguinte: “a mudança ocorre quando uma pessoa se torna o que é, não quando tenta converter-se no que não é." Pra completar, Perls dizia que toda tentativa de mudança está fadada ao fracasso. E essa afirmação dá o que pensar. A grandissíssima maioria (se não todas) as pessoas que procuram uma terapia, ou mesmo aquelas que não procuram, buscam mudar algo no seu jeito de ser.
Acontece que muitas vezes a concepção que temos de nós mesmos não necessariamente aplica-se à “realidade” pois foi fundamentada em anos e anos de desconfirmações, introjetos, violências para com nossos limites, dentre tantas outras coisas. Inclusive, tenho reparado que recentemente muitas músicas que alcançam principalmente o público jovem, têm falado dos possíveis efeitos que os introjetos podem ter no autoconceito de alguém (vide post sobre “introjeção” e “quem somos nós”).
O fato é que a tendência é que as pessoas entrem num círculo vicioso de se comparar constantemente com os outros, caiam na história de que “a grama do vizinho é mais verde” e com isso, busquem constantemente mudar para aquilo que julgam que querem ser ou, melhor ainda, que deveriam ser. Não dando valor, portanto, ao que há de concreto e real a seu respeito. Não ficam nem no presente, pois não se permitem ser o que são, tampouco alcançam o futuro, já que ele é traçado a todo momento no presente. Essas pessoas ficam em lugar nenhum, ou melhor dizendo, na zona intermediária, onde não há mudança ou crescimento.
O que propõe essa teoria, é que a pessoa se permita ser o que é, como é, como se relaciona, seus limites, suas dificuldades, suas potencialidades, sem julgamentos a priori. Tornando-se o que é, já terá havido mudanças nesse próprio processo. Sem falar que quando nos permitimos ser o que somos (e esse “o que” não é uma única coisa), temos uma base sólida para a partir daí, contruirmos aquilo que quisermos construir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário