Já falei em outros posts sobre como as coisas que nos impactam nos outros dizem de nós. Hoje a idéia é refletir sobre como o modo de agir, pensar do outro diz dele.(vide Projeção I,II,II e IV e O caminho do meio)
Na gestalt-terapia existe o conceito de campo, que é definido como uma totalidade de acontecimentos que se interelacionam. É um todo, formado de várias partes que se interelacionam - "o todo é diferente da simples soma das partes". Se uma das partes desse todo, desse campo, se altera, todo ele muda.
De acordo com a teoria de campo, uma pessoa só pode ser compreendida levando-se em consideração o contexto (campo) onde está inserida. Estamos inseridos em não só um, mas em vários todos, que podem ir se ampliando ou afunilando, dependendo de como olhamos para eles: você é parte do todo que é sua família, que é parte do todo que é sua cidade e assim por diante.
Tendo isso em mente, quando alguém se coloca de determinada forma, age, fala, se expressa de forma a causar aprovação ou desaprovação do meio, em ambos os casos, sua maneira de ser diz não somente dela, mas do campo no qual ela está inserida e de como ela o percebe. Irmãos gêmeos idênticos fazem parte de um "mesmo" campo, mas cada um assimila, sente e o significa de um jeito. Ao passo que um pode ter percepções otimistas frente à vida, o outro pode perceber a vida de modo mais duro, pessimista; o campo é o mesmo, mas as partes que o constituem se interelacionam de forma diferente para cada um deles, formando um todo único.
A importância de ter essa compreensão serve para que tenhamos claro que para poder compreender alguém, não basta olhar para alguns (ou vários) comportamentos isolados, não bastam testes de personalidade ou meia-dúzia de palavras. É preciso ver aquele ser humano como uma totalidade, que está inserida num contexto, afetando e sendo afetada por este, e que a sua maneira de perceber o mundo é única e, ainda que ele nos fale tudo que puder ser dito sobre esta realidade, ainda assim não teremos como apreendê-la totalmente (apenas uma aproximação), pois estaremos orientados pela nossa própria percepção. Sempre serão olhares diferentes, ainda que seja a mesma paisagem.
Parece algo simples de ser compreendido e colocado em prática, mas não é. Temos a tendência, o vício, de olhar para os comportamentos e personalidade dos outros com a nossa perspectiva e significá-la de acordo com aquilo que faz parte do nosso campo. Perls dizia que "Quanto mais a sociedade exige que o indivíduo corresponda aos seus conceitos e idéias, menos eficientemente ele consegue funcionar" e que "o primeiro e último problema do indivíduo é integrar-se internamente e ainda assim, ser aceito pela sociedade". Por maior que seja o estramento que o outro nos cause com seus comportamentos e atitudes, e por mais que muitas vezes esses comportamentos causem a ele dose grande de sofrimento, de alguma forma agir assim fez sentido para ele um dia... e talvez ainda faça.
Parabéns, Aline! Gosto muito do teu blog e do jeito como escreves. Falei um pouco sobre esta temática através do olhar da TCC em meu blog também. Resolvi aceitar o desafio de criar um, depois de muita insistencia de uma amiga. SUCESSO!!!
ResponderExcluirObrigada, Deysi!
ResponderExcluirDei uma olhada no teu blog também! Acho muito importante levarmos a psicologia para todos e desmistificarmos muitas das crenças errôneas sobre essa profissão que é tão bela e importante! =)