Estamos o tempo todo nos relacionando com o meio, agindo nele e sendo influenciados por ele. Em gestalt-terapia, chamamos essa interação organismo/ambiente de campo. Se o relacionamento do homem nesse campo é mutuamente satisfatório, é considerado saudável; se não, considera-se disfuncional.
Para conectar-se com o meio em que vive, o homem faz uso de seus sentidos, que lhe dão uma orientação e lhe apontam que necessidades devem ser supridas. Seu sistema motor dá a direção, vai ao encontro dos suplementos necessários para satisfazer essas necessidades. Quando esses objetos ou pessoas são percebidos como “bons” ou necessários, o organismo estende-se em direção ao meio. No entanto, quando pessoas ou objetos são percebidos como ameaçadores ou que indiquem perigo, a orientação com relação ao meio muda e pode haver a fuga ou retraimento do excitamento ao buscar aquilo que se necessita. Nesse sentido, fugir não significa necessariamente um comportamento defensivo disfuncional.
A esse engajamento do indivíduo de buscar aquilo que é mais relevante e emergente para si a cada momento no campo, chamamos contato. Para que haja o contato, é preciso que figura esteja clara. Quando não conseguimos identificar aquilo que necessitamos, o que nos tirou do nosso estado de equilíbrio (olha a homeostase aí de novo), não há contato e portanto, não conseguimos ir ao meio para fechar a gestalt e voltar ao estado de equilíbrio.
Por exemplo, quando o níveis de glicose em nosso sangue caem, sentimos uma variedade de "sintomas", inclusive a fome. Quando eu identifico que estou com fome e ajo no meio em busca formas de saciá-la, está estabelecido o contato. Caso eu identifique algo ameaçador em simplesmente saciar a fome (se sou intolerante a lactose, por exemplo, e só há derivados do leite em casa), nesse caso haverá a fuga, mas ainda assim, será contato e será funcional. Posso a partir daí identificar novas possibilidades para fechar a gestalt (ir ao supermercado, por exemplo).
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