quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Um mundo, muitos olhares


É incrível como às vezes um mesmo fato, um mesmo comportamento por parte de uma pessoa para com outra gera sentimentos, interpretações e até mesmo todo um modo de ser no mundo diferentes. Irmãos criados pelos mesmos pais, podem perceber um mesmo comportamento deles de formas tão singulares... todo o amor e respeito que eles dão podem ser sentidos por um como sufocante, superprotetor e pelo outro como falta de afeto, descaso. O que quero dizer é que a lente que usamos para enxergar o mundo afeta, e muito, nossa relação com esse mundo, o modo como nos construímos. Aquela passa a ser a nossa realidade, a nossa verdade, e sentimos  essa realidade tão fundo, com cada partícula do nosso ser. Mas, quando usamos um desses óculos de visão noturna, por exemplo, e vemos tudo preto e verde, significa que o mundo é assim? Aquilo que vemos é a realidade absoluta ou seria apenas a nossa realidade sentida (mas não menos real), momentânea, percebida através de um filtro (nesse caso os óculos de visão noturna)?
Questionar isso, questionar nossos filtros, acredito que traga toda uma compreensão diferente das coisas. Porque quando temos claro que temos um filtro a tudo aquilo que ouvimos, vemos, sentimos, que temos uma bagagem que é nossa e que afeta nossa forma de perceber o mundo e as coisas, nós assumimos para nós a nossa responsabilidade em tudo isso. Responsabilidade - habilidade de responder - nossa implicação naquilo que nos acontece, em como nos relacionamos com o mundo e como o mundo se relaciona conosco. 
Se acreditamos piamente que tudo aquilo que sentimos e vemos vem unicamente de fora, do mundo externo, de como os outros são, como os outros agem conosco, etc., nos colocamos num lugar de extrema impotência, vulnerabilidade e sem escapatória. Mas quando nos damos conta da nossa parte nisso, nos "empoderamos" das coisa que nos acontecem e da nossa vida. Temos uma escolha, podemos decidir o quê fazer com aquilo.

Um comentário:

  1. Tem uma frase que retrata bastante esta temática que diz assim: "O que perturba o ser humano não são os fatos, mas a interpretação que ele faz dos fatos" (Epitetus - Sec. I).
    Às vezes penso que existem pessoas que preferem continuar usando esses óculos de que falas. Se tirarem, vão mexer na "zona de conforto", e isso dá trabalho porque gera mudanças. E as mudanças nem sempre são bem-vindas...Parabéns pelo texto!

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