quarta-feira, 11 de maio de 2011

Impasses

Quando nos deparamos com algum impasse ou conflito entre duas ou mais opções, geralmente começamos a enumerar uma lista mental (quando não passamos essa lista para o papel) dos prós e contras de cada opção e por final, costumamos decidir por aquela opção que parece mais cheia de prós do que de contras. Não raro, escolhemos a opção "dos males o menor", pois nenhuma das opções disponíveis nos parece atraente e realmente satisfatória.
Além disso, é comum que em situações assim, de impasse, em que nenhuma das opções parece se adequar às nossas necessidades, fiquemos paralisados, como uma corda de cabo de guerra sendo igualmente puxada em direções opostas, absurdamente tensionada e sem sair do lugar.
Ficamos tão angustiados e ansiosos por sair do impasse sem que tenhamos sequer conhecido realmente o lugar em que estamos. Saímos do aqui-e-agora, do momento presente, para nos lançarmos em projeções do futuro que ainda não existe.
Você, leitor, pode argumentar que é ruim ficar nessa angústia, que ninguém gosta de se sentir triste, confuso, em conflito, sem saber pra que lado ir. E eu concordarei com você. Ninguém gosta. Mas vou usar aqui uma metáfora que ouvi dia desses: na vida, temos alguns pântanos e pântanos são atravessados colocando os pés na lama, nos sujando; mas ainda assim, são atravessados.
Na GT tiramos o foco do "próximo passo", ficamos onde estamos e só então partimos para o que é necessário fazer, conhecendo a situação do cliente no aqui-e-agora. Se há conflito, nosso foco não será sobre as várias possíveis decisões a serem tomadas, mas o próprio conflito em si : Como o conflito ocorre? Que forças estão atuando nele? Qual o contexto em volta dele?
Citando Rodrigues (2008),
"(...) quando aplicamos o ponto de vista gestáltico, necessariamente nos perguntamos: você já sabe para onde quer ir ao sair? Você já sabe quais são todas as escolhas possíveis? Para responder a tais perguntas, não podemos 'sair', pois são questões relacionadas ao momento anterior a uma saída. Precisamos ficar para respondê-las."
Quando não conhecemos o lugar onde estamos, suas possibilidades, características, sentimentos, sensações, etc., deixamos de conhecer e compreender verdadeiramente as opções que temos; corremos o risco de fazer uma escolha impensada, que nos levará para um caminho aonde não queríamos realmente estar - é o caso da escolha "menos pior".

Referência: Rodrigues, Hugo Elídio. Introdução á Gestalt-terapia: conversando sobre os fundamentos da abordagem gestáltica. Editora Vozes, 2008.

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