Dia desses parei pra pensar no quanto nos deixamos conhecer pelas pessoas. Quantas pessoas à sua volta você pode dizer que realmente te conhecem? - seus defeitos, inseguranças, suas fragilidades, seus potenciais, suas qualidades. Talvez seja mais fácil mostrar aos outros aquilo que você julga que é o seu melhor. Talvez você tenha vergonha de mostrar suas fraquezas, ou medo de que se mostrar suas "sombras", o outro possa se afastar.
Acontece que muitas vezes, deixamos de mostrar ao mundo quem e como somos. Acabamos representando papéis (quer nos demos conta deles ou não - vide o post anterior "O exercício do Outro"). E fique me perguntando de que nos servem esses papéis? O que acontece que sentimos a necessidade desse "resguardo", a necessidade de conter parte(s) daquilo que somos em nossas elações?
Quando nos expomos e nos colocamos com todo nosso ser, todas as nossa limitações e todas as nossa potencialidades, nos colocamos em posição de extrema fragilidade. Deixar que o outro nos conheça, expor partes tão importantes de nós, é de certa forma, colocar uma parte de si nas mãos do outro. É assim que se dá o contato verdadeiro, o crescimento. Quando há essa troca. E colocar-se nas mãos de outra pessoa dá medo, é assustador. Talvez esse alguém acolha você tal como é, e tudo aquilo que você oferece; talvez faça uso de suas fragilidades mais adiante. A verdade é que dá medo e é assustador muitas vezes, permitir que alguém nos conheça talvez tão bem quanto nós mesmos nos conhecemos (se é que isso é possível). No entanto, é assim também que nos permitimos ser amados de verdade. Quando somos nós, damos ao outro e a nós mesmos a oportunidade de ser livre, espontâneo, fluído, acolhido, amado.
É um dilema. Mas o fato é que se escolhemos representar papéis, talvez (e só talvez) tenhamos sucesso no intento de não deixar que o outro nos machuque. Mas com certeza estaremos nos privando de sermos amados em nossa totalidade e singularidade.
Para que seja possível fazer essa escolha, é imprescindível que saibamos quem e como somos, que nós mesmos possamos acolher nossa luz e nossa sombra e nos diferenciar do outro. "Quem ama precisa saber perder-se, e precisa saber encontrar-se".
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