quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Entrega

Dia desses parei pra pensar no quanto nos deixamos conhecer pelas pessoas. Quantas pessoas à sua volta você pode dizer que realmente te conhecem? - seus defeitos, inseguranças, suas fragilidades, seus potenciais, suas qualidades. Talvez seja mais fácil mostrar aos outros aquilo que você julga que é o seu melhor. Talvez você tenha vergonha de mostrar suas fraquezas, ou medo de que se mostrar suas "sombras", o outro possa se afastar.
Acontece que muitas vezes, deixamos de mostrar ao mundo quem e como somos. Acabamos representando papéis (quer nos demos conta deles ou não - vide o post anterior "O exercício do Outro"). E fique me perguntando de que nos servem esses papéis? O que acontece que sentimos a necessidade desse "resguardo", a necessidade de conter parte(s) daquilo que somos em nossas elações?
Quando nos expomos e nos colocamos com todo nosso ser, todas as nossa limitações e todas as nossa potencialidades, nos colocamos em posição de extrema fragilidade. Deixar que o outro nos conheça, expor partes tão importantes de nós, é de certa forma, colocar uma parte de si nas mãos do outro. É assim que se dá o contato verdadeiro, o crescimento. Quando há essa troca. E colocar-se nas mãos de outra pessoa dá medo, é assustador. Talvez esse alguém acolha você tal como é, e tudo aquilo que você oferece; talvez faça uso de suas fragilidades mais adiante. A verdade é que dá medo e é assustador muitas vezes, permitir que alguém nos conheça talvez tão bem quanto nós mesmos nos conhecemos (se é que isso é possível). No entanto, é assim também que nos permitimos ser amados de verdade. Quando somos nós, damos ao outro e a nós mesmos a oportunidade de ser livre, espontâneo, fluído, acolhido, amado.
É um dilema. Mas o fato é que se escolhemos representar papéis, talvez (e só talvez) tenhamos sucesso no intento de não deixar que o outro nos machuque. Mas com certeza estaremos nos privando de sermos amados em nossa totalidade e singularidade.
Para que seja possível fazer essa escolha, é imprescindível que saibamos quem e como somos, que nós mesmos possamos acolher nossa luz e nossa sombra e nos diferenciar do outro. "Quem ama precisa saber perder-se, e precisa  saber encontrar-se".

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Exercício do Outro

Olá!

Hoje divido com vocês uma pequena história - ou exercício - que encontrei num dos livros de Paulo Coelho.
Espero que possamos todos fazer esse exercício com bastante freqüência e que o Outro dê lugar a quem realmente somos: cheios que potencialidades, possibilidades, fluidez, esponteneidade.

"Um sujeito encontra um velho amigo - que vive tentando acertar na vida, sem resultado. "Vou ter que dar alguns trocados pra ele", pensa. Acontece que, naquela noite, descobre que seu velho amigo está rico, e veio pagar todas as dívidas que havia contraído no decorrer dos anos.
Vão até um bar que costumavam freqüentar juntos e ele paga a bebida de todos. Quando lhe indagam a razão de tanto êxito, responde que até dias atrás estava vivendo o Outro.
- O que é o Outro? - perguntaram.
 - O Outro é aquele que me ensinaram a ser, mas que não sou eu. O Outro acredita que a obrigação do homem é passar a vida inteira pensando em como juntar dinheiro para não morrer de fome quando ficar velho. Tanto pensa e tanto faz planos, que só descobre que está vivo quando seus dias na Terra estão quase terminando. Mas aí é tarde demais.
- E você, quem é?
- Eu sou o que qualquer um de nós é, se escutar seu coração. Uma pessoa que se deslumbra diante do mistério da vida, que está aberta aos milagres, que sente alegria e entusiasmo pelo que faz. Só que o Outro, com medo de decepcionar-se, não me deixava agir.
- Mas existe sofrimento - dizem as pessoas no bar.
- Existem derrotas. Mas ninguém escapa delas. Por isso, é melhor perder alguns combates na luta por seus sonhos que ser derrotado sem sequer saber por que você está lutando.
- Só isto? - perguntaram.
- Sim. Quando descobri isto, acordei decidido a ser o que realmente sempre desejei. O Outro ficou ali, no meu quarto, me olhando, mas não o deixei mais entrar - embora tenha procurado me assustar algumas vezes, me alertando para os riscos de não pensar no futuro.
A partir do momento em que expulsei o Outro da minha vida, a energia Divina operou seus mlagres".
  (Na margem do Rio Piedra eu sentei e Chorei, Paulo Coelho).