terça-feira, 4 de outubro de 2011

Formar de novo uma nova forma

O post de hoje começa com uma citação de Cecília Meireles: "quanto mais me despedaço, mais fico inteira e serena". Gosto do que a frase representa e principalmente, gosto de ver que algumas pessoas sabem "intuitivamente"que muitas vezes é preciso destruir algumas coisas que foram construídas durante muito tempo para que seja possível se encontrar no meio dos destroços e poeira.
Há pouco tempo um de meus clientes se queixou comigo das emoções e questões difíceis que surgiam na terapia. Lembrei dessa citação e comentei com ele que às vezes nós acabamos por fazer uma reforma na casa enquanto moramos lá. E é exatamente isso que acontece em terapia: uma reforma. Como toda reforma, faz bagunça, barulho, incomoda; as coisas que antes estavam limpas e organizadas de repente se perdem num pandemônio. Mas se for do nosso desejo viver numa casa melhor, a reforma é necessária. Caso contrário, vive-se ali...com goteiras, umidade, (in) cômodos desconfortáveis e caindo aos pedaços. 
Essa é a beleza da frase de Cecília Meireles. A sensibilidade de perceber que despedaçar-se não necessariamente é perder-se, mas pode representar justamente um encontro. Que se desfazer de coisas velhas, que nos foram empurradas goela abaixo, velhas crenças, velhas formas de lidar com as coisas, de olhar a vida e a nós mesmos, abre um espaço enorme pra que outras coisas ocupem esse lugar. Para que se possa descobrir novas formas; uma forma mais sua, que tenha a sua cara, seu jeitinho de cima a baixo e que também esteja aberta a mudar de  uma hora pra outra, se for da sua vontade. É tirar as roupas velhas e surradas do armário e abrir espaço para as roupas novas, que ficam lindas em você! Mas é aquela velha história...as "roupas" não se arrumam magicamente.

Um comentário:

  1. Aline gostei muito do texto, acho interessante e sempre propícias (até pra tornar mais clara a visão de nós leigos nos assuntos por vc abordado) as analogias que vc faz, a uns anos atrás numa aula da facul (ADM), um professor meu (psicólogo por formação) abordou esse tema, não lembro em que contexto, mas fiquei de cara (no bom sentido) e gostei muito em rever isso sob uma outra perspectiva. Parabéns pelos textos sempre, vc está escrevendo muito bem :*

    Gustavo Fonseca

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